Para o leigo, o design envolve as questões que dizem respeito à plástica e à forma dos objetos e, de uma forma um pouco mais ambiciosa, as soluções encontradas em outras áreas que permitem expressão de criatividade, tais como lojas, layout, embalagens e algo mais.
Para os experts, o design invade todas as alternativas de manifestação humana através das formas, sem limites ou fronteiras, dentro de uma concepção aberta que inclui também aquelas que envolvem a dimensão digital.
No plano mais pragmático, o design cruzou muitas fronteiras estabelecidas em sua concepção original, a fim de entrar nos mais diversos campos para propor e encontrar respostas a questões que envolvem a atração que a forma pode dar para todo um universo de manifestações, que vão da pura arte aos mais racionais negócios.
Poucas áreas se tornaram tão relevantes no varejo nos últimos anos como o design, de forma abrangente e ambiciosa, para repensar produtos, espaços, embalagens, elementos de comunicação e relacionamento num cenário crescentemente desafiador para disputar a atenção e o interesse do consumidor em todos os segmentos de mercado. Um consumidor quase que asfixiado por um volume sem precedentes de mensagens e propostas, que só tendem a crescer.
No universo do varejo atual o desafio da reinvenção do ponto de venda pressionado pelo desejo de consumidores hiperconvenientes, com a alternativa do uso do ecommerce a qualquer hora e em qualquer lugar, cria um novo cenário onde a loja pode se transformar em ambiente de compras, experiências, educação, informação, relacionamento, soluções ou também na comercialização de serviços. Ou a loja que se transforma numa manifestação pop com dia e hora para começar e acabar, como atualmente faz a Target na Grand Central Station em Nova York. Ou num mural numa estação de metrô, na Coréia do Sul, onde foi feito o primeiro experimento pela Tesco, onde o cliente compra com o celular e o produto é entregue diretamente.
Tudo num cenário de rápidas criações, mudanças, recriações visando captar a atenção do neoconsumidor, digital, multicanal e global.
Num passado não muito distante o “prazo de validade” de uma loja era de 6 ou 7 anos e esse período está se reduzindo cada vez mais pressionado por essa ambição do novo, envolvente, único e distinto que o cenário digital só faz aumentar.
É nesse contexto que se propõe a discussão de todas essas transformações e sua realidade mais tangível na conversão de conceitos à realidade pragmática dos resultados.
O design não está a serviço de sua própria causa, mas sim para alavancar e maximizar resultados esperados, sejam eles quais forem.
A discussão fundamental, no plano de negócios, está na visão do design no plano mais ambicioso de mesclar o vetor pragmático e objetivo dos resultados nas mais diversas formas de varejo com a sua dimensão mais artística e intelectual como expressão de criatividade.
E isso é a arte dos negócios criando soluções e mesclando, virtuosamente, arte com negócios.
Fonte: Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br) diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza.
Momentum – 12 Mai 2013 – http://www.gsmd.com.br/pt/artigos/momentum/as-novas-dimensoes-do-design-de-varejo