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Dividir instalação entre as redes vira estratégia

Com vistas numa redução entre 25% e 30% no custo de instalação de lojas, além do adiantamento da recuperação do valor investido, o Grupo Trigo, detentor das marcas Spoleto, Domino’s’ e Koni Store, tem depositado mais atenção ao formato store-in-store – dois players, duas fachadas, em uma única instalação e gestão. O modelo também é usado pelos players Casa do Pão de Queijo, que divide espaço com O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo e, no ramo de vestimenta, pela marca Atelier Mix, que não divide fachadas, mas vende produtos da Dumond e Capordate, produzidos na mesma indústria, mas com clientela um pouco distinta.

Consolidado desde a década de 90, o Spoleto está distribuído hoje em 320 lojas, no Brasil inteiro. O reconhecimento da marca deu-se, desde o princípio, pelo tipo de massa fresca servida ali. “Na época existiam restaurantes basicamente do tipo fast-food, de hamburgueria ou comida kilo. Foi neste contexto que a Spoleto começou a marcar presença, dado sua oferta de um alimento que, além de fresco, é preparado na frente do cliente”. A ideia foi consolidada e aderida por outras empresas do ramo alimentício. Hoje, praças de alimentação de shopping centers são tomadas por restaurantes que atendem nesse formato. Em quase todo shopping, há um Spoleto.

Em 2013 foram inauguradas 54 novas franquias da marca de massa express. Para 2014, a estimativa é que se instalem 72 novas unidades Spoleto. O interior do País é o destino priorizado agora. Ao DCI Antônio Moreira Leite, diretor de marketing e franquia da rede Spoleto, e também porta-voz do Grupo Trigo lembrou que, ainda nos primeiros anos do grupo – originado nos bons resultados da Spoleto -, um pequeno fornecedor, que era comum à maioria dos demais restaurantes de hamburgueria e comida a kilo, repentinamente informou que o preço dos alimentos subiria em 50%. Àquela altura, enquanto restaurantes ainda se consolidavam e o modelo de franquia no Brasil começava a ser formatado, a sobrevivência do negócio de macarrão expresso estava condicionada a uma única ação. Leite recorda: “tínhamos uma única saída para nos mantermos com produtos no estoque e operações ativas: comprar a empresa daquele pequeno fornecedor. Foi o que fizemos”.

A partir dali a trajetória do Grupo Trigo salta aos olhos: em todo shopping center há uma bandeira Spoleto, a Domino’s Brasil consolidou-se como a pizza do delivery com público-alvo das classes A/B e a Koni Store, um dos players que melhor ilustra a adesão brasileira em relação à culinária japonesa. Esta saiu de 14 lojas próprias e, ao ser comprada pelo Grupo Trigo, saltou para 74 unidades no final de 2013. Para 2014, a expectativa é de a Koni encerrar o ano com 108 estabelecimentos.

A trajetória do Grupo Trigo é um exemplo de como uma indústria interna favorece o abastecimento de uma rede. Daquela pequena fábrica comprada em meados dos anos 90 e a partir de um investimento de R$ 14 milhões, ampliou-se a produção para uma fábrica em Volta Redonda e outra em Petrópolis. Os produtos que não são fabricados internamente, como é o caso do atum, uniformes, talheres e utensílios de limpeza, são entregues aos franqueados por um único parceiro distribuidor. Há dois centros de distribuição, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo. “Isso garante ao franqueado uma lógica operacional e uma visão macro do processo de distribuição”. “Nós temos duas fábricas que suprem parte da busca por matéria-prima, o que nos faz ter algumas certezas em época de crise de abastecimento. Entre massas frescas, molhos, legumes e alguns congelados, nós fabricamos cerca de 700 toneladas de alimentos, que abastecem as nossas lojas em todo o País.

“O crescimento das três marcas no modelo tradicional continua forte, sendo que as marcas mais novas do Grupo, Domino’s e Koni Sotre, ainda apresentam possibilidade de crescimento em pontos e shoppings que já têm Spoleto”. É ai que o potencial do formato store-in-store faz sentido.

Leite também menciona bons ventos trazidos pela profissionalização dos serviços no Brasil. “Existe um processo de profissionalização das redes de alimentos, que estão em constante expansão e atraem cada vez mais fundos de investimento para esse setor”. Consequência primária, o setor fica mais competitivo, o que é bom para a indústria e para o consumidor final. “E tem-se ainda outro player nessa cadeia – indústria de shopping center, que tornou-se extremamente profissionalizada”.

É nesse cenário, profissionalizado e com múltiplas opções, de produto e de marcas, que se percebe: há espaço para todo tipo de culinária, e o que vai deixar uma ou outra marca se sustentar no mercado é a qualidade do produto final, da comida que está sendo servida”. O momento, de concorrência aquecida, é ideal para que empresas do ramo alimentício se reafirmem no mercado. Para a gestão estratégica do Grupo Trigo o formato store-in-store não chega a ser um desafio. “Há tanto tempo no mercado, conhecemos o comportamento do Spoleto e conseguimos fazer análises das possíveis operações das outras marcas que detemos. Temos experiência com a política tributária dos restaurantes, as normas da vigilância sanitária e antes de fechar negócio com franqueados, analisamos a performance financeira do ponto e o público-alvo”.

Leite reitera: “expandir via formato store-in-store é oportunidade sim, principalmente pela redução do preço da instalação. Hoje já temos estabelecimentos que, numa mesma cozinha e com armazenamento e preparo distintos, comportam boas vendas da Koni Store e da Domino’s, por exemplo”. A presença da clientela de marcas diferentes e em horários diferentes otimiza a ocupação do local. O diretor compara: “Spoleto é muito forte durante almoço, a Domino’s é forte na venda de jantar. A Koni [Store] tem venda mais equilibrada nos dois momentos”.

O Grupo Trigo, comandado por Mario Chady e Eduardo Ourivio, fatura cerca de R$ 890 milhões, ao se considerar franquias e lojas e fábricas próprias. Somente as franquias são responsáveis pela cifra de R$ 606 milhões.

Fonte: DCI – 26/03/2014

http://www.gsmd.com.br/pt/noticias/mercado-consumo/dividir-instalacao-entre-as-redes-vira-estrategia

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